quinta-feira, 18 de junho de 2015

Todos diferentes todos iguais

Ás vezes, mas só ás vezes, o algoritmo da internet (este caso no facebook), faz com que coisas importantes e relevantes se atravessem em determinado momento da minha vida. E parece que agora foi o momento certo para falar sobre um tema que surgiu lá por casa, com a mais velha ( e talvez até comigo). A diferença. Voltando então atrás....Julgo que faço o melhor que posso em ensinar à minha filha o que considero são os valores básicos da Vida, mas cada vez mais acredito que há toda uma herança genética que nos vai sobrecarregando as almas, desde que nascemos e que condiciona a nossa forma de estar. Só assim consigo justificar alguns comportamentos, como aquele que aconteceu na natação, no dia em que ela teve medo duma colega diferente e que durante quase dois meses, a impediu de ir à piscina. O mais estranho é que elas já tinham sido colegas no começo do ano e nunca tinha havido qualquer reacção, mas depois ela não foi durante uma série de tempo e quando regressou foi o que se viu: tenho medo dela, tenho medo de ficar assim, vou ficar assim, chegando mesmo a ter pesadelos. Confesso que é muito mais complicado de gerir toda esta situação do que se possa imaginar: queremos que entendam que as diferenças não são más, nem boas, são só diferenças e particularidades, queremos não dar muita importância ao "drama", queremos continuar a agir naturalmente e não cedendo a "caprichos", mas também não podemos insistir criando outros "traumas" .  Coloquei algumas palavras em aspas porque  tenho noção que a nossa visão e perspectiva da realidade é totalmente diferente da que vai na cabeça deles. Depois deste incidente foi a cor...outro murro no meu estômago. Aqui sim, fiquei desnorteada, até porque a rapariga que toma conta da mais nova é castanha e ela até tens colegas de outras cores e nações.  Acreditem que é um tema delicado e nem com explicações lógicas, livros para ela ( gostava mesmo que existissem mais, mas sugiro já o Orelhas de Borboleta) e exemplos práticos a coisa lá ia, ou então até foi...com o tempo (?!). Outro livro que se atravessou durante este tempo foi A princesa Azul e a felicidade escondida, mas não percebi bem se era para miúdos ou graúdos. Tenho que pesquisar mais. Imaginei que fosse alguma fase comportamental própria da idade, mas só descansei(amos) depois de falar com a educadora, professora de natação e uma amiga psicóloga. Não queria de todo ter uma filha complexada, preconceituosa, caprichosa, intolerante, racista, desrespeitosa, mas uma miúda que agisse de forma natural perante o próximo, fosse ele como fosse. Aquela afirmação de que eles reagem ao que os rodeiam, é que estava a dar cabo de mim e foi naquele dia no parque , que me questionei a sério. Estava lá uma criança da mesma idade que a minha filha e tantas outras crianças que por lá brincavam, numa cadeira de rodas. E eu não soube o que fazer, como fazer...será que a mãe dela se importava por estarem tantas crianças a fazer perguntas? será que queria que nos metêssemos com ela, ou que nos metêssemos era na nossa vida? Vergonha, de mim, foi o que tive, por me fazer aquelas perguntas tontas em vez de fazer o que faço com todas as outras crianças que também não conheço. Se os nossos filhos são o nosso espelho, se somos nós a filtrarmos tudo aquilo que em tão pouco tempo têm que aprender, então sou eu que tenho que começar a comportar-me, como quero ser tratada e que ela aja...É que nem todos nascemos ensinados, nem temos o dom de ler mentes, ou agir sempre de coração aberto e puro. Não queremos passar a imagem do coitadinho, mas também a questão do ser especial  também pode não ser melhor, ou melhor, mais adequada à realidade . Às vezes precisamos que nos expliquem e ajudem a incluir a diferença no nosso dia -a-dia. Bem, o mais perfeito nisto tudo, é que tudo começou com um like duma amiga no post de alguém ( o tal que me inspirou) e enquanto eu escrevia este texto, outro post que parece atender ás minhas preces: "Activar a inclusão", com a seguinte frase: Mesmo diferentes, somos todos iguais! As crianças sabem bem isso, nós é que ainda não aprendemos. Inclusão, mais do que aceitar, aprender… (Talvez não concorde a 100% com a afirmação que as crianças o sabem,  não só pelo episódio (que já está aparentemente  resolvido) que contei, mas também pela cru eldada, com que oiço alguns a reagirem perante pessoas obesas, anões, sem dentes ou sem cabelo, com sinais na cara, sem algum membro,etc e e tal). A isto eu chamo um momento obrigada universo ! (e Rita, que "sem querer" ajudaste ) É bom que se fale abertamente e na primeira pessoa sobre tudo isto, de modo a que não se isolem e nos ajudem a saber como lidar perante essas outras realidades.

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